quarta-feira, 7 de julho de 2010

Quarto Capítulo... O jantar indigestivo/ La cena indigiesta

"Tenho que te contar uma coisa: A Claudia está grávida!"
Esta frase saiu de sua boca enquanto eu espetava delicadamente o garfo na carne morta e bem passada de meu prato. Não entendia muito bem o que queria dizer com aquilo, mas com a mesma frieza que levava o garfo a minha boca, lhe respondi:
"Ah... e???"
Ele então balbuciou vendo a minha frieza. Sua mensagem não havia sido captada. Foi então que pronunciou: "E o bebe, é meu!" Ainda que sentia que meu sangue fervia, olhei-o fixamente, repousando o talher sobre o prato e lhe respondi: "Se quiser, adoptemo-lo". Um mixto de sentimentos foram perceptíveis em seu olhar. Era como se eu houvesse pronunciado as palavras que ele queria escutar, mas claro, que tudo fazia parte de minha fria e calculada serenidade fingida. Era minha oportunidade de tirar-lhe todas as informações que considerava pertinentes para definitivamente sair pela porta.
"E quando foi isso?" Perguntei-lhe tratando de manter a minha cara mais serena possível.
"Você se lembra daquela semana que foi passar com seu pai, e que eu fiquei em casa? ..."
Foi neste momento que tive minha epifania. Vizualizei dois anos de relação em um minuto e com aquela revelação, tudo se encaixava, o destanciamento súbito, as desculpas de porque não via mais a Claudia... E de pensar que eu havia deixado de morar com minah prima, é fato que não me dava muito bem com ela, mas fui poque acreditava em nossa relação e mesmo podendo perder o respeito de meu pai e até ser deserdada o fiz. Meu pai, nunca sonhou que eu vivia com ele e agora???
"E onde foi que tudo aconteceu" Questionei-lhe sem hesitar.  Confesso que por dentro queria pular no pescoço dele e dar-lhe boas bofetadas.
"Ela foi em casa e tomamos um vinho. Não sei como aconteceu, mas quando percebi já estávamos na cama"
"Na nossa?" perguntei ainda com a mesma cara impassível.
"Não, no quarto de hóspedes."
Por isso que na minha volta percebi que o quarto estava diferente. Geralmente é o nosso quartinho de bagunça, mas de repente, quando voltei estava arrumado, coisa que ele nunca fazia.
Após terminar o jantar, não sei como não tive uma congestão e nem como não lhe tirei a taça de vinho que segurava em minhas mãos, mas aguentei fortemente mantendo a mentira de assumirmos a criança.
Ao terminar o jantar, me levantei. Ele me acompanhou, implorando perdão. Eu, então, virei-me para ele e lhe disse:
"Espero que você cuide muito bem de seu filho, que tenha uma excelente vida e nunca mais me procure"

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